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11/12/2014

O Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger)


Um livro pode conter vários significados. Cada pessoa é única e cada olhar é único para uma obra. Isso explica como o livro favorito do José é o que João mais odiou ler na vida, ou o livro que marcou a vida de Maria, Joana sequer conseguiu terminar de ler.
Com esses argumentos em mente, apresento-lhes “O apanhador no campo de centeio”.
Lançado em 1951, esta obra é considerada um dos livros mais impactantes da literatura americana do século XX.
Até um tempo atrás, confesso, não conhecia a obra. Já tinha ouvido falar, mas não liguei o objeto ao fato. Porém, uma amiga da faculdade me indicou com tanto afinco que fiquei curiosa.

O livro conta a história de Holden Caulfield. Bem, não conta uma história em si. É mais um relato de seus dias em “liberdade” logo depois que ele é expulso da escola por ter um baixo rendimento. Ele quer aproveitar esses dias enquanto a carta que a escola mandou para seus pais não chega.
Holden é a figura do “adolescente em crise”. Ele tem 16 anos de idade e uma perspectiva de vida realmente deprimente. Nascido em uma família rica, com alguns problemas emocionais por conta da morte de seu irmão caçula, ele teria tudo para ser um típico adolescente superficial, mas NADA agrada Holden. Ele passa os dias maldizendo a vida, as pessoas, suas lembranças, mas de uma maneira realmente cômica para o leitor. 
Confesso que ao ampliar minha própria perspectiva, percebi que não era apenas um super pessimismo. Era mais. Era ultra realismo.
Pessoas falsas, pessoas superficiais, pessoas cretinas... Holden Caulfield as aponta com uma revolta digna de nota. Claro que ele também vê pessoas boas, e é legal constatar que nem todos são cretinos (ele adora esse termo).

Com a narrativa em 1° pessoa e cheia de expressões coloquias, como gírias (dos anos 50, não esqueçam) e uma leitura de fácil entendimento.
O livro é cheio de confusão e rebeldia com um teor angustiante. Se existisse o gênero "tragi-cômico", "O apanhador no campo de centeio" certamente corresponderia à esse quesito. 
E interessante: Holden tem plena consciência que suas atitudes são erradas, mas não faz questão nenhuma de mudar. Ao ser confrontado por sua irmã sobre o que quer ser “assim como cientista, ou advogado, ou coisa parecida”, Holden diz que quer ser um apanhador.

"Fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar para onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas seria a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice...." 

Um artigo no site da Abril diz que Holden Caulfield é a “personificação dos jovens da geração do pós-guerra à procura de uma identidade”. Pelo sim ou pelo não, o livro alcançou grande sucesso em sua época de lançamento, vendendo mais de 15 milhões de exemplares em apenas poucas semanas. 
Porém, o autor J. D. Salinger, mesmo aclamado, não reagiu ao sucesso da forma que se espera. Ele se tornou um eremita até o fim de seus dias. Morreu em 2010, ainda isolado, em sua casa em New Hampshire. 

E as curiosidades sobre o livro “O apanhador no campo de centeio” vão além da reclusão de seu autor. O livro foi censurado em diversos países do mundo por causa de “palavreado chulo, incitação à prostituição e à rebeldia”. Desnecessário? Vejamos: especialistas afirmam que o livro “seria uma espécie de gatilho para assassinatos”. 

Em 1980, Mark David Chapman assassinou o eterno beatle John Lennon. Ele foi encontrado com um exemplar de “O apanhador no campo de centeio”, e afirmou que o personagem do livro o inspirou a cometer o crime. “Grande parte de mim é Holden Caulfield. Outra parte deve ser o demônio”, ele afirmou à polícia.

Nem preciso comentar o quão frenéticas ficaram as vendas do livro depois do acorrido. As pessoas queriam saber o que tinha naquele livro que poderia inspirar um assassinato. Natural. Tive a mesma curiosidade a respeito de “Os sofrimentos do Jovem Werther”, livro que levou uma grande onda de suicídio na Alemanha no século XVIII, mas isso talvez fique para outra resenha. 
O presidente Ronald Reagan sofreu uma tentativa de homicídio, em 1981, e a atriz Rebecca Schaeffer foi assassinada, em 1989. Ambos os crimes, de acordo com os acusados, foram inspirados pelo livro de J. D. Salinger. 

É no mínimo curioso que este livro esteja intrinsecamente ligado à atos violentos. Não consegui localizar em momento nenhum apologia à qualquer tipo de crime em seu enredo.
Claro que o autor não pregou a paz mundial, mas aí acusar o livro de “gatilho para assassinos” já é exagero. Não se pode generalizar. Aquela questão da subjetividade faz muito sentido aqui. 
Holden Caulfield é claramente revoltado com o mundo a sua volta mas, acreditem, ele não mata ninguém. 

As teorias de conspiração sobre “O apanhador no campo de centeio” são muitas. Li vários artigos interessantes a respeito do livro (fiquei tensa com alguns, inclusive), e não posso deixar de olhá-lo com olhos mais respeitosos depois de saber mais sobre ele.
Diversos autores contemporâneos, de diversos gêneros, o citam em seus livros. No começo do ano, encontrei seu título em dois livros: “The Indigo Spell”, de Richelle Mead e “O Teorema Katherine”, de John Green. 
Holden Caulfield é um personagem amado, apesar de suas revoltas juvenis e seu mau humor sem fim e “O apanhador no campo de centeio” é um livro com uma bagagem, no mínimo, interessante. 
Vai encarar? 

PS: Agradeço muito à Flavia Fatale por ter me emprestado seu livro favorito (e ainda espero que ela não mate ninguém. Ê!) e a Morgana Amaral por sua empolgação. 

Fontes citadas acima aqui  e aqui.
Sobre teorias da conspiração. (Não se assustem, o site é... estranho.)



08/11/2014

Mentirosos (E. Lockhart)

"Bem-vindo à bela família Sinclair.
Ninguém é criminoso.
Ninguém é viciado.
Ninguém é um fracasso.
(...)
Não importa se um de nós está desesperadamente, desesperadamente apaixonado.
Tão
apaixonado
que medidas desesperadas
precisam ser tomadas.
Somos Sinclair.
Ninguém é carente.
Ninguém erra."

Assim somos apresentados ao mundo dos poderosos Sinclair pela personagem principal, Cadence (Cady). Assim a autora, E. Lockhart, convida o leitor a mergulhar em uma história repleta de reflexões sobre família, amizade e amor.


A narrativa de Mentirosos (We Were Liars) é em primeira pessoa, sob o ponto de vista da personagem Cadence, que pertence à poderosa família Sinclair, uma família americana rica e tradicional, mas cheia defeitos. Uma das tradições da família é passar as férias de verão da ilha do patricarca, avô de Cady. Nessa ilha, a cada verão, a jovem encontra seus primos Mirren e Johnny, assim como o garoto por quem é apaixonada, Gat. 
Cady denomina seu grupo de Mentirosos. Os mentirosos da família, os que não suportam a forma como todos só se importam com dinheiro, herança e aparências, embora cada um não possa (ou tenha coragem o suficiente) para ir de encontro a essa "sociedade dos Sinclair".

A história começa com Cady contando que ela e a mãe foram abandonadas pelo pai, aos 15 anos da garota. Neste mesmo verão, na ilha, a jovem sofre um acidente que gerou sequelas graves: ela não consegue se lembrar de nada antes da tragédia e, por diversos motivos, todos se recusam a lhe falar o que aconteceu. Os médicos dizem que ela "deve se lembrar por conta própria". 
Aos 17 anos, Cady retorna para a ilha nas férias e reencontra seus preciosos Mentirosos. No decorrer desse verão, a garota percebe que algumas coisas andam diferentes e tenta juntar cada fator e descoberta às suas lembranças fragmentadas para entender o que, de fato, aconteceu no verão dos quinze.

A ilha é enorme e tem várias casas, para o leitor não se perder, o livro vem com um pequeno mapa.
(o que eu achei legal, mas não chequei em nenhum momento da leitura, tava envolvida demais kekeke)



O livro mistura o presente (verão dos dezessete) com o passado (verão dos quinze). A escrita de Lockhart e a forma como organizou os acontecimentos, os sinais, permite ao leitor experimentar um pouco da agonia de Cady em tentar lembrar a tragédia que lhe causou fortes danos. As relações entre os personagens são bem traçadas, de modo que todos foram bem aproveitados. De tudo o que foi explorado, a relação de amizade entre os Mentirosos foi a que mais me marcou.

"Ela vira o barco na direção da praia e de repente eu consigo ver meus Mentirosos esperando (...)
Mirren. Ela é açúcar. Ela é curiosidade e chuva.
Johnny. Ele é estalo. Ele é iniciativa e sarcasmo.
Gat. Ele é contemplação e entusiasmo. Ambição e café forte.
Bem-vinda ao lar, eles estão dizendo. Bem-vinda ao lar."

A leitura me envolveu de tal forma que, quando cheguei à revelação, levei um choque (UM CHOQUE /rola /esperneia), mas agora que paro para pensar... os sinais estavam bem ali, na minha cara. Lockhart estava pisando no meu coração com a verdade o tempo todo e eu não percebia. Fiquei até mal
/cantinho
Brincadeira.
Cada leitor tem seu nível de percepção e, apesar de ter SOFRIDO, gostei de ser surpreendida. O livro causou uma impressão forte para mim.

Mentirosos foi lançado no Brasil pela editora Seguinte (selo jovem da Companhia das Letras), que também lançou outro livro da E. Lockhart (O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks), que já quero ler; que já quero que lancem mais coisas dessa autora no Brasil; que já quero... socorro. /MOMENTOS

Gostei bastante do livro, ganhou algumas estrelinhas de bom menino /Kiko.

E quem já leu... o que achou?? Por favor... preciso compartilhar minhas alegrias e dores com alguém /alone.

Até a próxima!



04/11/2014

As Vantagens de Ser Invisível (Stephen Chbosky)

Olá, leitores! 
Depois de um longo e tenebroso inverno, voltamos! 
Hoje trago um livro que me envolveu de uma forma deliciosa. 
Ele tem aquele tom meio melancólico, que deixa um gosto agridoce no leitor. 
Mesmo sendo um livro que já está no mercado há muito tempo, talvez alguém ainda não o conheça.
Então, amigos, venham comigo! 

“As vantagens de ser invisível” é um livro singular de várias maneiras, a começar por sua narrativa. Charlie, nosso protagonista, envia cartas contando sobre sua vida para alguém que o leitor não é apresentado, a quem ele chama de “amigo”.

Através dessas cartas, Charlie nos expõe sua rotina, suas experiências, suas dúvidas, seus medos... É um sentimento crível e palpável ler sobre sua família, seus poucos amigos, seu professor de literatura e os livros que ele indica, enfim, a impressão que ele tem do mundo.

“Você vê as coisas. Você guarda silêncio sobre elas. E você compreende.”

Charlie é um adolescente solitário e diferente. A solidão é bem exposta em suas cartas, mas sua singularidade é perceptível em sua narrativa. E não que ele seja do tipo deprimido ou recluso. Charlie simplesmente é diferente e as pessoas não conseguem encará-lo de forma positiva, então ele não participa. 

Ele é um bom garoto, porém esquisito e bastante emotivo (o moço chora o tempo todo), cujo livro favorito é sempre o ultimo que leu e seu melhor amigo acabou de cometer suicídio. Não é uma perspectiva muito animadora, como se percebe. Então Charlie conhece Patrick e Sam, eles são gentis e esquisitos ao seu próprio modo e com a proximidade, ele começa interagir e participar. 


É interessante visualizar a perspectiva de Charlie justaposto a perspectiva dos outros personagens. Ele parece tão ingênuo, tão cru, porém suas novas experiências vão provocar sensações exclusivas. Seu primeiro amor, seu primeiro baseado, seu primeiro beijo... Charlie nos conta a respeito de sua vida de uma forma realmente única. Suas constatações são simples sobre a vida ou pessoas. 
Simples, fascinantes, engraçadas, tristes e emocionantes. 

“Estou me sentido ótimo! De verdade. Tenho que me lembrar disso da próxima vez em que tiver uma semana ruim. Já aconteceu com você? Já se sentiu mal, depois tudo passar e você não saber por quê? Eu tento me lembrar, quando me sinto ótimo como agora, que haverá outra semana terrível algum dia, então procuro guardar o maior número de detalhes que posso, e assim, na próxima semana terrível, vou poder lembrar esses detalhes e acreditar que vou me sentir bem novamente. Não funciona muito, mas acho muito importante tentar.” 

“As vantagens de ser invisível” é um livro muito bonito que me despertou muitas reflexões e sentimentos bons. Sem falar que está repleto de citações de livros, musicas e poesias. 
Sua adaptação para o cinema também é muito bonita e respeita a obra. O livro não tem um enredo definido ou fatos lineares; são lembranças, anseios e, sobretudo, sentimentos em prosa. 

“... Eu realmente estava ali. E foi o suficiente para que eu me sentisse infinito.”




12/09/2014

A Torre Acima do Véu (Roberta Spindler)

Olá queridos amigos!
Sim, sei que estou sumida do blog.
Sim, peço desculpas.
Sim, vamos esquecer esses detalhes e seguir em frente *ABRAÇANDO TODOS VOCÊS*

Hoje trago para vocês uma distopia eletrizante ft. intrigante ft. viciante. Estou falando do livro 'A Torre Acima do Véu', da autora nacional Roberta Spindler (co-autora de Contos de Meigan - A Fúria dos Cártagos). O livro foi lançado em Agosto, na Bienal do Livro (São Paulo), pela Giz Editorial. E já adianto que a Giz fez um excelente trabalho, a estética do livro é muito bonita, capa, diagramação, tudo! 

Voltando...
Em A Torre, temos uma sociedade restringida a viver em mega-edifícios e arranha-céus (imagem prédios de 300/500 andares, sim amigos...), pois, acerca de 53 anos atrás (considerando a cronologia apresentada no livro), uma névoa misteriosa -e aparentemente letal- cobriu todo o planeta, forçando os sobreviventes a se refugiarem acima da névoa. Ao que se sabe, a névoa não apenas é letal, mas também ocasiona mutações, transformando as pessoas nos chamados sombras (criaturas macabras com força descomunal, feios que só o capeta, com veias azuladas, primos de segundo grau dos orcs, sobrinhos do predador).
Em condições de regresso tecnológico, escassez de alimentos, remédios e afins (pois não houve tempo para salvar tudo da névoa), essa sociedade, chamada Nova Superfície, vive sob liderança da chamada Torre, uma organização liderada por Emir. 

O mundo não é mais dividido em países, mas sim em grandes blocos econômicos e maga-cidades. A trama irá se passar no território da mega-cidade Rio-Aires (pelo próprio nome já dá para ter noção da dimensão de território), tendo como principal personagem a jovem Receba (Beca). Uma saltadora que, junto com o irmão e o pai, efetua busca e entrega de mercadorias em troca de equipamentos (armas e outras tenologias), cubos de luz (unidades de energia que podem sustentar, em termos de eletricidade, por um bom tempo) e outros recursos.

*interrompendo a programação*
Mas o que você quis dizer com "saltadora"?
A mutação causada por exposição à névoa nem sempre resulta nos sombras. Depois do aparecimento do véu misterioso, várias crianças nasceram com habilidades especiais (chamados ALTERADOS), podendo, por exemplo, teleportar-se ou até ter visões do futuro. Nesse caso, Beca é o que chama-se de saltadora, ela tem habilidades incríveis para se locomover dessa forma e isso ajuda bastante nas missões como entregadora.
*voltando a nossa programação normal*

Em uma das missões, a família de Beca se mete em confusão com a Torre e são intimados a executar um reconhecimento num Setor afastado e perigoso, local onde um grupo de mergulhadores (profissionais treinados pela Torre para descer sob a névoa e coletar informações relevantes) teria desaparecido, provavelmente cercado pelos sombras. A missão não apenas revela fatos assustadores para os envolvidos, mas também resulta em uma tragédia que, mais tarde, resultará na ida de Beca e uma equipe, eu diria, heterogênea, para além do véu. E aí, amigos, acompanharemos Beca na descoberta dos segredos mais [se você já seu o livro, insira aqui um adjetivo que represente a sua impressão, porque eu ainda não encontrei uma palavra que me represente, só posso dizer que fiquei LOUCA] por trás da névoa.
Terminei esse livro com um sentimento que... nossa!


O livro, apesar de não ser muito grande, contém muitas informações, sejam relacionadas à trama em si, ou ao universo criado pela autora, então recomendo fortemente que leiam A Torre com bastante atenção. A escrita da Roberta é fluida e ela descreve muito bem cenas de ação (e ação é o que NÃO FALTA no livro), é inevitável se envolver pela trama e sentir AQUELA adrenalina, fora a curiosidade em desvendar os segredos por trás da névoa.

Chamou muito minha atenção a parte política do cenário criado pela Roberta, com toda essa coisa de divisão do mundo em super Blocos, a organização em mega-cidades. Por sinal, o livro todo é recheado de expressões em espanhol (como el viejo, chica, 'carajo' LOL), parece algo simples, mas que expressa claramente a mistura das culturas dos países latinos com o passar dos anos.

A Torre representa a sociedade opressora e mimimi que tem em todas as distopias, MAAAAS... meus sentimentos em relação a essa organização e ao Emir foi bastante do que sinto em relação aos antagonistas das outras distopias que já li. Em nenhum momento consegui odiar A Torre ou Emir; apesar das decisões dele irem de encontro aos interesses de Beca (nossa heroína), quando penso no Emir ou na Torre, eu apenas penso no PESO do que é precisar ser responsável e ter que cuidar de milhares de pessoas. Não me refiro a altruísmo, mas no conflito em ter que tomar decisões difíceis, que machucam, pensando em um bem maior. Penso que a Roberta soube incutir muito bem esse conflito, essa carga da liderança de uma sociedade na figura do Emir.

Vale ressaltar que, no decorrer do livro, temos as Transmissões que a Torre executa (pela voz de Emir) para toda a Nova Superfície, sempre lembrando a história do surgimento dessa nova sociedade, os feitos ~~magníficos~~ da Torre em prol de todos, a repressão àqueles que não seguem as ordens da liderança e notícias importantes (como o Plantão da Globo). Mas uma coisa é sempre, SEMPRE DITA: Respeitem a Torre acima de tudo.

Sobre os demais personagens, eu gostei de todos, creio que todos tiveram sua devida participação na trama, não identifiquei ninguém solto ou desnecessário. As personalidades casaram bem para dar um toque de leveza e humor. A combinação da Beca-pavio-curto-ranzinza e do Rato-Galanteador-aparentemente-barato-mas-que-esconde-segredos-inimagináveis me renderam boas risadas e, LÓGICO, alguns suspiros. O toque de romance do livro foi bem equilibrado e verossímil, não destoando da tensão dos acontecimentos.

Em uma entrevista durante o programa Sem Censura, a Roberta comentou que é possível que ela escreva outras histórias ambientadas nesse universo da Torre (ROBERTA, AMIGA, EU QUERO UMA CONTINUAÇÃO, ISSO SIM /BRINKS) e eu realmente espero que ela faça isso!
No geral, o arco do livro é fechado, mas não nego que há uma deixa para continuação (ROBERTA MALVADA).

Muita coisa tem saído sobre o livro, mapas, as próprias transmissões e algumas ilustrações dos personagens, vocês podem conferir tudo diretamente no blog da Roberta \o/

Recomento fortemente a leitura do livro! A Torre Acima do Véu é mais um exemplo de que temos uma excelente safra de autores nacionais e nós, leitores, façamos a nossa parte: leiam, surtem, apoiem, divulguem! Arrisquei-me sob a névoa e não me arrependi!!


Até a próxima.



01/09/2014

[Especial Gone] Mentiras

A série Gone está aí para provar que, sem dúvida, tudo que está ruim pode piorar.
No terceiro volume da série, as crianças do LGAR estão há 7 meses na cúpula.
7 meses de muitas dificuldades, porém há uma linha tênue de estabilidade. Por enquanto.
O autor definitivamente sabe deixar nervos aos frangalhos. 
As crianças parecem estar se acostumando a sua nova realidade. Agora há um conselho com alguns representantes para tentar manter a ordem, mas ordem é um termo improvável no universo de Gone.

Nesse mundo de tormentos fora do comum, o quanto é possível que os mortos voltem a vida?
Uma das meninas morta e enterrada no livro 2 volta a andar e falar. Ela não parece 100% lúcida, mas tão pouco parece perigosa. No entanto, as crianças já estão frágeis demais. Será que elas aguentariam mais esse choque?
Também há uma menina que dizem que é uma profetiza. Ela consegue vagar nos sonhos dos pais das crianças presas e passar recados. “Deixo-os ir”, ela diz.
Parem e pensem no pânico que isso causaria. O puf, desaparecer é uma saída para o LGAR? E a morte?

Segredos e mentiras constituem o eletrizante livro 3 da série Gone. Vários questionamentos muito interessantes são levantados. A comida ainda é escassa, o medo ainda é o melhor amigo e as atitudes que precisam ser tomadas são extremas. É doloroso ver o crescimento obrigatório que as crianças passam. Tudo é uma questão de sobrevivência e é muito fácil morrer. Ou perder alguma parte do corpo... Sério, tudo de ruim que pode acontecer, simplesmente acontece. As crianças não sabem lidar. Elas não deveriam lidar. 


“O estranho era que isso não parecia mais estranho para Astrid... Crianças de olhos profundos. Crianças com feridas abertas, sem tratamento, quase ignoradas... E armas. Armas por toda a parte. Facas, que iam desde grandes facas de cozinha enfiadas no cinto até as de caça, com ornamentadas bainhas de couro. Pés de cabra. Pedaços de cano com cabos de fita adesiva e correias. Alguns tinham sido mais criativos ainda. Astrid viu um menino de 7 anos carregando uma perna de mesa, de madeira, à qual havia colado grandes cacos de vidro.
E tudo isso havia se tornado normal.
Mas, ao mesmo tempo, meninas carregavam bonecas. Meninos enfiavam bonequinhos de plástico nos bolsos de trás. Revistas em quadrinhos manchadas, rasgadas e velhas ainda se projetavam dos cós das calças ou eram seguradas por mãos com unhas compridas e imundas como as de um lobo. Crianças empurravam carrinhos de bebê com suas poucas posses.
As crianças de Praia Perdida eram, na melhor hipótese, uma visão lamentável.”

Em contra partida a dificuldade natural, claro que sempre há espíritos de porco para complicar. A galera humana está a cada dia mais atarantada para dar um fim as aberrações. E atitudes infelizes resultam em consequências infelizes. Praia Perdida está longe de encontrar paz. Não com mortos voltando a vida ou com a liderança tão confusa. Mas esperar o quê? São crianças! Os mais velhos tem 15 anos de idade! Os que tem o mínimo de juízo fazem o que podem, mas perder o controle é normal e muito aceitável.
Mesmo com situações tensas, a linguagem do livro é super fácil e fluída. É interessante como é palpável que o livro trata de situações com crianças/adolescentes; diálogos, dúvidas, postura de comportamentos, tudo entrega a faixa-etária dos personagens. 

Neste livro também surgiram personagens novos. 5 crianças estavam isoladas em uma ilha particular e vivendo bem melhor do que qualquer uma do LGAR (no que diz respeito a alimentação e segurança). Mas elas precisam sair. São 7 meses sozinhas e uma delas está muito doente. Sanjit e Chu são os mais velhos e eles tem suas próprias dificuldades e seus próprios pontos de vistas. Ao meu ver eles estão bem preparados para essa dificuldade real, pois eles já a conheceram antes. Essas crianças são filhos adotivos de 2 atores famosos e vieram de lugares de guerras e mortes e são sobreviventes. Adoro a perspectiva delas sobre o passado, presente e futuro e, acima de tudo, adoro naturalidade que Sanjit se adapta a tudo isso. Acho que Michael Grant enfim apontou alguém para me apegar. Ou seja: danou-se.

“Mentiras”, como um bom livro da série Gone, é de uma aflição sem limites. Porém, há fatores que esclarecem vários questionamentos importantes sobre a série. Cheguei a conclusão que Michael Grant é louco, porém genial. Genial.

Minha reação com o final desse livro
Sério, Michael Grant fecha esse livro da forma mais arfante possível. São 5 segundos que me deram uma taquicardia mais forte que qualquer paixão que já tive na vida (e já tive algumas, hein).
Não sei de onde ele vai tirar mais desgraças para mais 3 livros, porém aprendi a não duvidar desse talento do mal do autor. 
Dói, amigos. Dói. 


22/08/2014

[Especial Gone] Fome

Michael Grant está de volta para pisar em meu coração. Anteriormente expliquei os porquês das angustias que a série Gone me traz. Li várias resenhas exaltando a série de forma que, honestamente, não consigo direcionar.
Sim, os livros são bem escritos, envolventes, tem a pegada sobrenatural que atrai muito, mas o pano de fundo que o autor trabalha é tenso e cruel.
É um paradoxo ambulante, porque ao mesmo tempo em que o livro é fácil, ele é difícil.
Normalmente, termino livros com o nipe da narrativa de Michael Grant em 1 dia. É fácil e fluido. Porém, as situações não me permitiam avançar de forma despreocupada.
Isso pode ser algo totalmente particular, mas não consigo ignorar o fato que quem está passando por dificuldades, segurando armas de fogo de grosso calibre e cometendo atrocidades são crianças com menos de 15 anos.

Em “Fome”, o livro 2 da série “Gone”, três meses se passaram desde o surgimento do LGAR (o isolamento de todos os menores de 15 anos ao redor de uma usina radioativa) e os eventos ocorridos no livro 1. Mas as batalhas estão longe de acabar. Agora a fome assola a cidade de forma voraz. No principio, eles não se atentaram ao fato que a comida poderia acabar e agora estão passando por sérias dificuldades.
Eles precisam se organizar e trabalhar se quiserem sobreviver; mas expliquem isso às crianças de 11 anos.
O interessante do livro é a forma real como o autor trabalha. As reações e atitudes dos personagens são completamente aceitáveis. Seria ingênuo da parte do autor, e do leitor, crer que várias crianças se organizariam e formariam uma comunidade para trabalharem juntos e blá.
Eles estão desesperados e sem saber o que fazer. É uma situação irreal onde poucos conseguem ver, de fato, a seriedade do problema.
Ou seja: instaura-se o caos e o desespero dá lugar à desordem.
A fome é apenas um dos problemas. Começa a surgir uma divisão espontânea: normais x aberrações.
As crianças que continuam normais começam a ver uma ameaça velada nas crianças que adquiriram habilidades. Essa “guerra civil” é apenas um eco de algo infinitamente mais perigoso.
Uma criatura com um poder incrivelmente poderoso quer se libertar. Ela está “com fome no escuro” e usará Lana, Caine e Drake para conseguir se alimentar a qualquer custo.

Michael Grant mistura de forma genial fantasia com realidade para envolver o leitor.
Fantasia no que diz respeito aos poderes das crianças e ao terror das criaturas impossíveis, porém reais no quesito posturas e atitudes frente à dificuldade.

“Não sou o pai de todo mundo. Você já parou para pensar no que as pessoas estão me pedindo? Sabe o que elas querem que eu faça? Sabe? Querem que eu mate meu irmão para que as luzes voltem. Querem que eu mate crianças! Que eu mate Drake. Que mate Diana. Que faça com que nossas crianças sejam mortas. É o que elas pedem. Por que não, Sam? Por que não está fazendo o que tem de fazer, Sam? (...) Ah, meu Deus, Astrid. Todas essas coisas na minha cabeça. Não consigo me livrar delas. É como se um animal imundo estivesse dentro da minha cabeça e eu nunca, nunca vou me livrar dele. Isso me faz sentir muito mal. É nojento. Quero vomitar. Quero morrer. Quero que alguém me dê um tiro na cabeça para eu não ter de pensar em tudo.” 


Esse livro é incrível, de várias maneiras. Ele expõe tudo que deve ser exposto e dá um toque fantástico para os leitores se distraírem do real terror que é estar sozinho com seus medos.
Ainda não sabemos o que é o LGAR. Não sabemos onde estão os adultos e para onde vão as crianças que sofrem o puf. A série está cheia de perguntas sem respostas mas, sem dúvida, ainda há muito terror pela frente.
A narrativa é em terceira pessoa e há várias perspectivas! O leitor vislumbra o desespero de todos os ângulos.
A série “Gone” me incomoda porque bate na barreira do real. Por esse e outros motivos, ela é incrível.


18/08/2014

[Especial] Gone: O Mundo Termina Aqui

Imaginem um mundo onde todos os maiores de 15 anos somem – puf – do nada. Agora imaginem a loucura e a apreensão que isso causaria nos menores de 14 anos. 
Acho que se tem uma palavra para resumir esse livro é: aflição. 

“A única coisa que devemos temer é o próprio medo”. 
De fato. 

Michael Grant criou esse universo e jogou no colo dos leitores todo tipo de agonia que se pode imaginar. 
Crianças tendo que lidar com toda espécie de problemas. E as criancinhas da creche? E as de colo que ficaram em casa sem ninguém? Esse livro é cruel porque ele é cru. Crianças morrem, sim, por descuido, irresponsabilidade, acidentes... ou não.
Portanto, elas precisam assumir responsabilidades de adultos e mais: lidar com coisas irreais. 

Praia Perdida deu lugar ao LGAR – Lugar da galera da área radioativa – onde todo o pesadelo se apresenta. 
Porém, antes do sumiço de todos os adultos, já acontecia algo estranho naquele lugar. 
Sam fazia coisas impossíveis. E depois que o LGAR tomou forma, ficou nítido que ele não era o único. A área que eles vivem é de fato radioativa, porém eles não sabem se isso tem haver com o sumiço repentino dos adultos e com as novas habilidades em algumas crianças.
Sam, Astrid, Quinn, Edilio e Lanna serão algumas das vidas de vital importância para a história. 
Sam é considerado o líder daquelas crianças; não que ele tivesse escolha. 
A responsabilidade pesa e, honestamente, ele não tem a obrigação de fazer nada. Ele também tem medo, também sente desespero. 
Suas escolhas fazem dele uma pessoa confiável e tudo que aquelas crianças precisam é de confiança. E isso é injusto com Sam, afinal ele também está passando por essa situação e, droga, ele também quer confiança.

O autor levanta várias teorias sobre os motivos do surgimento do LGAR, e gostei do que ele sugeriu primeiramente. Seria bobagem ignorar o obvio. Afinal, qual a primeira coisa que vocês pensariam? 


“- O que a gente fez? – perguntou Quinn. – É isso que não entendo. O que a gente fez para deixar Deus tão puto? (...) Quero dizer, a gente fez alguma coisa para merecer isso, certo? Deus não faz coisas assim sem motivo.
- Não acho que tenha sido Deus.”


(Sério, as teoria são bem legais. Vão de Deus à universos paralelos à hackers do universo, etc. O autor é bem genioso. E malvado. Argh.)

É uma agonia do começo ao fim. Logo que os adultos somem, eles não tem noção de nada. Levam na brincadeira. Acham que há um porquê e que eles voltarão em breve. Esperam uma ajuda que não vem.  
Logo começam a se formar os grupinhos. Logo as coisas começam a ficar perigosas. 
Um grupo de alunos de um colégio interno chamado Coates se juntam a eles... para ajudar? 
Mesmo entre crianças há crueldades sem limites.
O medo nos leva a fazer coisas inenarráveis, amigos, e Michael Grant trabalhou isso muito bem. 

“Gone” é um livro conflitante. Inteligente e cruel, cruel. 
São várias questões em dúvidas. O que criou o LGAR? Por que só maiores de 14 anos sumiram? O que acontece com quem faz 15 anos dentro do LGAR?
São levantadas várias teorias sobre os porquês, porém pouca coisa foi explicada no livro 1. Estamos (personagens e leitor) todos perdidos e procurando por respostas.


“Gone” é o livro 1 de uma série de 6 livros, e que no Brasil são lançados pela editora Galera Record.
É uma leitura muito interessante e... dolorosa. 
Quem tiver estômago, que venha. 





06/08/2014

A Evolução de Mara Dyer (Michelle Hodkin)

Dando continuidade ao primeiro livro da série (A Desconstrução de Mara Dyer), que por sinal terminou em um momento impactante OH MY FUCKING GOD, PRECISO DO LIVRO DOIS PRA ONTEM, TOMA MEU DINHEIRO, TOMA MINHA VIDA; A Evolução de Mara Dyer já começa socando o leitor, contestando o fato final do primeiro livro (a gente pensa: isso realmente aconteceu ou é loucura da cabeça da Mara?) e apresentando novas informações que servirão de alicerce para mais um mistério a ser desvendado, não bastando todos do primeiro livro, claro... a Michelle deve ter pensado: quer mais? ENTÃO TOMA.

No livro dois, Mara está convencida de que alguém do seu ~~passado obscuro~~ retornou, porém somente ela acredita nisso e, devido a uma crise histérica que a garota teve, ela é obrigada a fazer tratamento do tipo não-residente na ""clínica"" Horizontes, onde ela precisa conviver com vários outros jovens e seus distúrbios, incluindo uma garota psicótica de dar medo e que faz coisas super estranhas para  a Mara. O ponto positivo é que ela reencontra um amigo de escola, Jamie.

Se você acha que coisas ruins aconteceram com a Mara no primeiro livro... podem ter certeza que nesse acontecem coisas piores, a garota não tem UM MOMENTO DE PAZ, e se não fosse nosso gatíssimo Noah (que desempenha um papel muito importante nos mistérios do livro).. Mara já teria ficado completamente biruta. Por sinal, a tensão sexual entre Mara e Noah está ainda mais forte nesse livro, os diálogos então... [NOAH DIZENDO PARA A MARA QUE QUER FAZER ELA GRITAR O NOME DELE NA CAMA, PODE ISSO, PRODUÇÃO? PODE..]

Paralelo a isso, Mara - além das suas visões e demais momentos de loucura - começa a ter sonhos que, com o passar do tempo, vamos percebendo que o teor dos sonhos está intrincado a "peculiaridade" da Mara e TARÃÃÃÃÃ... do Noah. Aparentemente... as famílias dos dois possuem uma ligação anterior ao nascimento deles.

Mas não se engane, o romancezinho dos dois é só pra quebrar um pouco o clima tenso, porque é porrada atrás de porrada. Terminei esse livro me sentindo UM CACO... mas a escrita da Michelle é tão fluida e a história em si é tão viciante... que li A Evolução de Mara Dyer em uma "sentada" só. E o final desse livro é... [PROCURANDO UMA PALAVRA ADEQUADA PARA EXPRESSAR MEUS SENTIMENTOS: 404 ERROR NOT FOUND]

Nem preciso dizer que estou LOUCA para ler o terceiro livro que, infelizmente, ainda não foi lançado nem nos EUA [LÁGRIMAS], mas, pelo andar da carruagem, presumo que a Michelle vai detonar!!


Recomendo fortemente a série Mara Dyer, mas deixo claro: muita coisa ruim acontece, você vai sofrer, o final de tudo provavelmente não será feliz, então... por sua conta e risco.

Para fechar: Já disse que eu AMO as capas dessa série? Graças aos céus mantiveram o mesmo padrão para as edições brasileiras (obrigada, Galera Record!), o livro é lindo (e a diagramação é boa).


Quem tem acompanhado a série: o que acharam do segundo livro? O que esperar do terceiro??

Até a próxima, pessoal :D


11/07/2014

Trilogia Grisha 2 - Sol e Tormenta (Leigh Bardugo)

“Sol e Tormenta” é o segundo volume da trilogia Grisha que chegou ao Brasil ano passado e conseguiu me descabelar inteira . Todos os eventos que se passam neste livro estão intrinsecamente ligados ao livro um, “Sombra e Ossos”, portanto, talvez apareçam alguns detalhes triviais – considerados por muito de vocês como spoilers. De qualquer forma, quem não ainda não conhece a trilogia, tem resenha do livro um aqui no blog.

Depois de toda a confusão, mentiras e vingança no final de “Sombra e Ossos”, o livro dois começa com Alina e Maly fugitivos em outra cidade para além do Mar Real. Desde que Alina conseguiu controlar o poder do amplificador de Marozova, deixando Darkling e seus grishas na Dobra das Sombras, ela tenta levar uma vida normal. Mas para aparentar uma normalidade, ela precisa esconder seus dons e isso a enfraquece. Alina quer acreditar que conseguirá fugir do Darkling, mas sente que é impossível se desvencilhar do elo que os une.

“’Somos parecidos’, disse ele, ‘como ninguém mais é, como ninguém mais será’. 
A verdade daquilo ecoou dentro de mim. Os similares se atraem.”

A Alina que conhecemos em “Sombra e Ossos” está mudada. Ser a Conjuradora do Sol exige muito dela e, claro, atrai muitos olhares cobiçosos para seu poder. Quando Darkling consegue alcançá-la (porque ele é badass e pode tudo, bj), descobrimos que ele foi atingido de uma forma assustadora pela Dobra. Nichevo’ya,  monstros de sombras altamente destrutivos, estão sob seu poder e Alina não sabe lidar com essa realidade. A pequena ciência é usada por grishas que conseguem manipular matéria, mas o poder de Darkling ultrapassa qualquer tipo poder conhecido. É feitiçaria. É maldição.


Fica claro que os planos de Darkling para Alina ainda não acabaram. O amplificador de Marovoza acaba se mostrando apenas um elemento de um conjunto que, se combinados, pode se transformar em uma fonte de poder insuperável. Junto com a tripulação de Sturmhond, um corsário cheio de mistérios, Alina alcançará mais um elemento para o amplificador, porém, a que preço? 
Depois de uma série de revira-voltas, Alina se vê novamente em Os Altas, a cidade real de Ravka, tentando dar um basta no poderio do Darkling com a ajuda de Nikolai, um príncipe com qualidades (e defeitos)... interessantes e que almeja pelo trono. 
Paralelo a esses eventos, há o fato que Alina é considerada uma santa por uma multidão de peregrinos que a seguem. Muito engenhoso, querida autora. Muito engenhoso. 
Obviamente que a política falará muito alto, mas a fé que move o povo é de arrepiar verdadeiramente. Alina não sabe lidar com nada disso com a placidez que o Darkling lidava, porém a necessidade de ela aprender a fazer isso o mais rápido possível é imprescindível.  



Esse livro é interessante por vários motivos. No começo acontece muita coisa de uma vez só, porém quando Alina chega em Os Altas, a autora parece mudar o foco da aventura para a estratégia. Entendam, Alina se vê no meio de uma competição política na monarquia em um tempo de guerra. É inteligente como Leith Bardugo insere o leitor de forma sutil nos assuntos internos do primeiro e segundo exercito. Estávamos fugindo numa maquina voadora e de repente somos enredados por esses conflitos. O livro fica até em um ritmo mais lento, porém achei necessário para o leitor entender a complexidade política. Alina, que era apenas uma cartógrafa há menos de 1 ano, agora é uma das grishas mais poderosas que se tem noticiais e o preço a pagar pode ser alto.

Repito: a autora foi extremamente inteligente ao dar essa amplitude dos fatos para o leitor; os conflitos políticos, a manipulação da fé do povo e a dificuldade de lidar com uma monarquia incompetente são elementos tão importantes como a guerra com o Darkling e seus Nichevo’ya.
Se a metade do livro é lentamente estratégico, Leigh Bardugo dá um giro em 180° na sua conclusão.  Sério, terminei o livro sem ar!


“Sol e Tormenta” é um ótimo intermediário para a conclusão desse universo. O que acho realmente incrível nessa trilogia é que o bem e o mal não andam separados. Ao contrário, eles se confundem em verdades e equívocos intrínsecos. As razões para a guerra, se analisadas friamente, podem ser justas de ambos os lados, porém não se enganem: o poder é a maior justificativa para alcançar esse domínio.

“’O medo é um aliado poderoso’, ele disse. ‘E leal’."

Mapa do universo de Leigh Bardugo no interior do livro. Adoro mapas! 
Os personagens continuam muito bem trabalhados. Nikolai se mostrou um potencial concorrente para Darkling em meu coração, então ainda não consigo entender a obsessão de Alina por Maly, mas ok. A relação dos dois fica até um pouco piegas em algumas partes, mas nada que me incomodasse ao ponto de largar o livro. Também somos apresentados a Tamar e Tolya, dois grishas rebeldes que nunca fizeram parte do segundo exercito, porém que sabem se defender como ninguém. Fora alguns personagens já conhecidos como David, Zoya e Genya, que nos surpreenderão de formas confusas nesse livro. Alguns nomes e termos apontam que a forte inspiração russa na história também continua presente. 

Quero abraçar para sempre a Editora Gutenberg pelo trabalho na tradução brasileira. Os livros são visualmente lindos (como se a história já não fosse fabulosa). A capa é maravilhosa (na minha humilde opinião), o interior do livro super é bonito, a diagramação é ótima, as páginas são amareladas e grossas, enfim... é um ótimo trabalho.
Eu, como leitora, agradeço.

Estou virando do avesso para saber a conclusão que Leigh Bardugo guardou para seu universo incrível. Bem, guardou não é mais a palavra exata. “Ruin and Rising”, o ultimo livro da trilogia Grisha, lançou recentemente na gringa e bem, quem quiser saber do final, pode me procurar em breve.



25/06/2014

[Curtas] Gênesis & Vanessa e Virgínia

GENESIS
Um livro que tratei de forma despretensiosa, livre.
Já percebi que essa é a melhor maneira de pegar um livro.
Anaximandra, sim essa de nome horrível, é uma jovem estudiosíssima, que tem uma queda por História e especialmente por Adam Forde, o homem que mudou tudo o que é conhecido na terra ao salvar a vida de uma menina à deriva no mar. Explico: a Terra basicamente foi devastada pela Peste ~e pela maldade humana ~, só sobrando uma pequena sociedade que se manteve afastada de tudo pela força da arma, para manter todos os infectados do lado de fora. Adam foi aquele que se permitiu tocar pela miséria de uma menina e a salvou da morte certa, ao tentar entrar na ilha. Esse amor de Anaximandra pela vida e importância de Adam a levou à um teste na Acadêmia – instituição que controla a sociedade. É esta prova que será descrita no livro, através das perguntas e respostas e da interação de Anaximandra com tudo o que estudou e sobre esse período conturbado.
Ok, a leitura desse livro foi um acaso acrescido de um contratempo. Comprei o livro em um desses surtos de compulsividade entre mim e a Saraiva e quando me pediram a troca dele pelo Skoob, decidi ler para optar ou não pela troca. É um livro curtinho – pouco mais de 170 páginas – e eu pensei “O que custa furar a fila e ver no que dá?!?”.
A leitura de início foi estranha pela minha falta de experiencia com distopia, embora não esteja certa sobre esse livro se enquadrar inteiramente no gênero, e com a evolução da coisa toda fiquei achando que seria só mais um livro que pretendeu ser uma descoberta aventureira. Mas o sr. Beckett conseguiu fazer um primor com a velha história de “colapso mundial” e “a terra está sendo destruida pelas mãos do homem”. Tem muito de papo cabeça, de filosofia e do porquê o ser humano é um traste tão ruim, mas o que me arrebatou mesmo foi o final. Fiquei alguns minutos descrente na vida.
Então, por favor, se pintar a possibilidade, deem duas chances à esse livro: a primeira o comprando, mesmo ele sendo fininho, com uma capa duvidosa e sinopse mediana – por sinal, achei que a quarta capa desencanta o brilho dele, desmerecido; a segunda é pegando pra ler, porque, convenhamos, essa vida está cheia de bons livros para serem consumidos e escolher um entre tantos não tá fácil.
genesis5genesis9
genesis (1)

genesis3

genesis (2)



Algumas das capas do livro que encontrei por aí. A que mais gostei foi dessa com o orangotango (não porque seja bonita, mas porque interage com o livro muito bem).Por favor, leiam e me agradeçam depois.







vanessa e virginia

Um outro livro curto que dividiu minha opinião, mas dessa vez entre boa e péssima leitura: Vanessa e Virgínia. Um romance baseado na história de Vanessa Bell e sua irmã Virgínia Woolf.
Confesso que nada conhecia da famosa Virgínia, imagine da irmã infinitamente menos conhecida, embora aparentemente excelente pintora inglesa.
O livro conta a história de vida das duas, sob a perspectiva da irmã mais velha, mais sensata e, aparentemente, mais moderada. Vanessa fala de seus ciúmes, dos cuidados e desejos das duas em serem excelentes em seus respectivos talentos e se acharem inferiores entre si. O livro conta com pequenos textos de diferentes momentos, que, embora sejam sempre o ponto de vista de Vanessa, falam da vida de Virgínia mais do que qualquer uma.
A infância é contada por uma pequena Vanessa, filha mais velha que gostaria de receber um pouco mais de atenção dos pais, mas que mesmo assim ama incndicionalmente a irmã. Fica claro seu amor e devoção por Virgínia desde sempre, já que ela sempre se mostrou de constituição frágil e saúde delicada. Nada de diagnósticos ou pretensão de contar a história da famosa autora, apenas uma irmã contanto sua história, essa foi a boa parte da leitura.
A brevidade das pequenas perspectivas foi o que me cansou durante a leitura, como se fossem pequenos lampejos das memórias de Vanessa, por vezes simples conversas ou descrições de alguma obra sendo produzida – que também comunicava o momento vivido – ou em outros momentos simples relatos da sua vida doméstica ou de seu casamento fracassado, com sucessivos amantes e decepções.
Li o livro às escuras, sem saber o que esperar – minha forma preferida de encontrar novos livros; apenas pela capa. A leitura me entreteve, mas acredito que esperava bem mais. É um livro inovador por tentar contar a história de duas personalidades britânicas romanceado, mas o formato com que foi feito não me encantou.
Fico com aquela sensação de “ame ou odeie” e acabo classificando apenas como uma leitura que me deixou curiosa por Woolf, mas sem me marcar de forma definitiva.


Assinatura Lilian 2.0

13/06/2014

As Peças Infernais (Cassandra Clare)

ALERTA DE CASO SÉRIO!

"O amor pode ser a magia mais perigosa de todas."
Minha nova obsessão tem nome! "As Peças Infernais" chegou do nada e virou minha perspectiva sobre os shadowhunters do avesso. A trilogia é maravilhosa e ouso dizer que bem melhor que os 5 livros (porque ainda não li o sexto) de "Os Instrumentos Mortais". 
Neste post vou explicar a relação entre as séries e tentar sanar algumas dúvidas que possam surgir eventualmente, sem spoilers. Qualquer coisa, se manifestem nos comentários. 
Acompanhem-me:

The Mortal Instruments serie
"As Peças Infernais" é o prequel da série "Os Instrumentos Mortais". Ou seja, é uma história que se passa antes da série inicial que contém os elementos da mesmo universo. 
"As Peças Infernais", diferente de "Os Instrumentos Mortais" que se passa em Nova York nos tempos atuais, se passa na Londres Vitoriana, no século XIX, e trabalha o que conhecemos anteriormente em TMI: caçadores de sombras que tem como função proteger o mundo e os mundanos de ataques demoníacos. Bem na superfície as duas séries trabalham basicamente a mesma coisa. O grande diferencial é: o enredo, os personagens e a ambientação. Ou seja: praticamente tudo. O ponto interessante: os personagens da trilogia "As Peças Infernais" são ancestrais dos personagens de "Os Instrumentos Mortais". E, acreditem, isso dá muito pano para manga. 

Vamos esclarecer séries e livros: 
Os Instrumentos Mortais - 6 livros (The Mortal Instruments): Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas, Cidade de Vidro, Cidade dos Anjos Caídos, Cidade das Almas Perdidas e Cidade do Fogo Celestial. 
As Peças Infernais - 3 livros (The Infernal Devices): Anjo Mecânico, Príncipe Mecânico e Princesa Mecânica. 
Porém, a ordem aconselhável de leitura é um pouco mais complexa. Os primeiros livros são: Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas Cidade de Vidro. Depois é recomendável alternar o prequel com o a história contemporânea: Anjo MecânicoCidade dos Anjos CaídosPríncipe Mecânico, Cidade das Almas PerdidasPrincesa Mecânica e Cidade do Fogo Celestial, que será lançado no final deste mês. Em algum momento no meio das publicações surgiu O Códex de Caçadores de Sombras, que é um livro histórico sobre todo o universo shadowhunter. Não pensem que isso foi aleatório, amigos. A autora é uma bruxinha do mal. Vamos constatar isso mais à frente.
A arte das capas brasileiras são iguais as da americana, só para constar. (Se tivéssemos hardcover eu seria mais feliz, mas ok.) 

Enfim, "As Peças Infernais" ~TUNCHZ TUNCHZ TUNCHZ~

The Infernal Devices serie 
A trilogia TID, como supracitado, se passa no século XIX, em Londres, e toda a ambientação é digna de nota: a Londres cinzenta, suja, com carruagens, cavalheiros de ternos, damas de vestidos, linguagem culta, inclinação para beijar a parte de trás da mão. Tem tudo! A narrativa é maravilhosa, sensorial e emocionante. Claro que também há os aspectos de humor. A autora foi impecável, do meu ponto de vista. Já li alguns clássicos da época e tudo se mostrou bastante crível; tirando o fato dos shadowhunters atrás dos demônicos, é claro. 
Mesmo com os elementos clássicos, a história pode ser apontada como steampunk. O termo "mecânico" dos títulos é imprescindível para o enredo. 
Tessa Gray é uma jovem americana que, após perder a tia nos EUA, parte para Londres atrás do irmão Nathaniel. Ao chegar na cidade ela é recebida pelas Irmãs Sombrias, duas feiticeiras que a mantém presa em um treinamento insano. Tessa descobre que tem o estranho poder de mudar de forma. Ela pode se transformar, literalmente, em qualquer pessoa; basta que tenha algo pessoal em que segurar. 
O tormento de Tessa não diminui quando descobre que está prometida em casamento para o Magistrado. Um ser cujo o titulo denota o poder que exerce no submundo com seus autômatos infernais. 
Tudo que Tessa não esperava era ser resgatada por um lindo rapaz cheio de marcas (ah, como esse termo é propício) que luta corpo a corpo com as Irmãs Sombrias. 
Sei o que vocês estão pensando. "Mimim lá vem romance mimimi". Sim, lá vem romance. Lá vem amor. Lá vem dor. 
Dor, amigos. Nem uma palavra melhor resume as relações nessa história. 
Ao ser resgatada por Will e uma equipe de shadowhunters, Tessa é hospedada no Instituto de Londres, onde a jovem e gentil diretora, Charlotte Branwell, faz de tudo para ajudá-la. Tessa passa vários momentos na defensiva, afinal, seu primeiro contato com estranhos em Londres não foi nada positivo. Porém, ela logo vai descobrir que essas estranhas pessoas, com hábitos singulares da etiqueta da época, são incríveis. 
Quero constar isso com muita clareza: todos os personagens de "As Peças Infernais" são incríveis. TODOS. Eles são fortes, cheios de personalidade e suas histórias são bem abordadas, diferentemente de "Os Instrumentos Mortais" onde o foco é no romance passional de Clary e Jace. 
Em TID, a autora vai dar um novo significado ao termo ~triangulo amoroso~. Sei que algumas pessoas estão cansadas disso. Não aguentam mais essa história de indecisão e team e panz. Porém-todavia-contudo, Cassandra Clare vai pegar o leitor e arrancar o coração fora com as mãos, à la Once Upon a Time. 
Vejam bem, o termo parabatai, nessa série, ultrapassa qualquer tipo de intenção romântica que a autora supôs propor.

Will e Jem são parabatai. Os dois são shadowhunters e, eventualmente, os dois se apaixonarão por Tessa. Porém eles estão dispostos a se sacrificar um pelo outro. Não consegui ver nenhuma sugestão homoafetiva entre os dois (antes que alguém pergunte), apenas a amizade mais incrível e linda que já tive o prazer de ler. 
Mas o que é parabatai? Ser parabatai é ser ligado irremediavelmente ao outro. É um selo. Um juramento.

"Você me é tão caro quanto a metade da minha alma. Eu não poderia ser feliz se você fosse infeliz. (...) Rogo não deixá-lo ou voltar após segui-lo: pois para onde você for, eu irei."
O termo parabatai é usado em "Os Instrumentos Mortais", mas só pude perceber sua grandeza em "As Peças Infernais". É impossível (caso tenhas um coração) não ficar tocado pela amizade dos dois. Tessa é apenas um elemento há mais. Ela não veio causar contenta ou ruptura, mas complementar. Os três se amam mutuamente, mas apenas um poderá ficar com ela. Eu queria cortá-la ao meio para dar sua metade para cada um. É impossível ter um team nesse caso. E é impossível não sofrer com o rumo que as coisas tomam. *Enxuga as lágrimas*

O magistrado é um cão. E ele é responsável pelo ar steampunk que a história tem. Suas criaturas mecânicas são assustadoras e implacáveis. Ele tem a intenção de criar um exercito de autômatos para combater os shadowhunters. As criaturas são do tamanho de homens adultos, cobertos com pele humana, com alguns órgãos feitos de mecanismos de engrenagens. Alguns conseguem até falar. Essa tecnologia ~futurista~ no ambiente do passado é descrita de forma genial e Cassandra Clare soube dar um ar sombrio que combinou muito bem com a proposta da história.
À priori, o grande questionamento é saber o que Tessa é e qual é a importância de sua participação nos planos do magistrado. Mas logo o leitor é enredado pelas complexidades dos personagens e das relações entre eles, o que dá uma super-valorização à história. 
Tudo nessa trilogia é incrível. Dentre vários elementos, há o modo como a ciência vai se desvendando aos olhos do leitor através de Henry, um shadowhunter inventor (e teremos acesso a algumas suas invenções na contemporaneidade de "Os Instrumentos Mortais", inclusive), a participação especial de nosso conhecido Magnus Bane, a forma como as relações se dão entre os personagens (não apenas entre Will, Tessa e Jem, mas entre todos!) e, sobretudo, os sobrenomes. 
Preciso confessar que uma das coisas que mais me empolgou foram os sobrenomes. É muito legal (e meio doentio, ok) criar teorias e tentar desvendar como as séries se interligam. Herondale, Lightwood, Fairchild, Carstairs, dentre outros, são apenas uma ponta da rede que Cassandra Clare criou para prender o leitor. E, no meu caso, conseguiu com louvor. 
Já como prometi guardar os spoilers, vou expôr apenas mais uma coisa: há mais personagens, já incluindo Magnus Bane, que dão ar da graça nas duas séries! 
Acontecem tantas coisas, amigos! É de tirar o folego e de jorrar lágrimas. Quase me jogo da escada de tanto amor/dor.


A maldita da autora escreveu de forma que o ultimo livro de "Os Instrumentos Mortais" explicasse os detalhes do final de "As Peças Infernais". Genial. E cruel. 
Eu tinha parado de ler TMI em 2012. Mas quando comecei TID, tive que voltar. Percebem? Foi imperativo. Estou TÃO apaixonada pela trilogia que, para não perder nada, voltei para uma série que eu tinha dado um tempo. Gosto de TMI mas os protagonistas me irritam. O que me fez continuar foram os personagens secundários. Acreditem, Cassandra Clare evoluiu perceptivelmente nos últimos livros de "Os Instrumentos Mortais" mas NADA que se compare a qualidade de "As Peças Infernais". 
Preciso comentar uma das coisas mais legais que me pegou pelo pé em TID: Tessa e Will são bookaholics. Eles conversam sobre livros, dão dicas sobre livros, citam fragmentos de livros. Tessa vive com um livro na mão. Minha lista de leitura aumentou consideravelmente depois dessa trilogia.  "As Peças Infernais" é repleta de referências e eu amo isso. A autora cita Charlotte Brontë, Jane Austen, e Charles Dickens dentre outros autores clássicos. Só complementa o fantástico que a trilogia é no todo. 

Reação da minha deusa interior
Novidades: Quem pensa que o universo shadowhunter vai parar por aí, está enganado. Cassandra Clare confirmou outras séries, uma chamada "The Dark Artifices", para 2015. Os eventos desta série se passarão 6 anos depois dos eventos de "Os Instrumentos Mortais" e terá como protagonista um membro da família Carstairs! (Isso vai significar o mundo para quem leu "As Peças Infernais", acreditem.) (Só espero que ela não seja chata como Clary.) E também "The Last Hour" que será basicamente sobre os descendentes dos que sobreviveram em "As Peças Infernais". 
Ao que parece, o ciclo shadowhunter fechará em 18 livros, sem contar "As Crônicas de Bane", que são pequenas histórias sobre o alto feiticeiro, disponibilizadas em e-books. Não tenho muito interesse nas crônicas do homi, mesmo o adorando. Achava que estava fadada a caçar fragmentos de meus personagens de "As Peças Infernais" mas, recentemente, Cassandra Clare anunciou que fará contos sobre Simon. E, bem, Simon é meu personagem favorito de TMI, então acho que terei que ler. 
Eu que me dizia cansada dos universo dos shadowhunters agora choro de excitação por mais, mais, MAIS!

Curiosidade da edição nacional:
Oi, tudo bem, como vai.
Para quem não sabe, a editora Galera Record prepara as primeiras edições dos livros de Cassandra Clare com um... carinho especial. Mas creio que eles já perceberam que isso deu em Jogos Vorazes na vida real. As capas das edições especiais são brilhantes e lindas. Infelizmente, quem não correr para comprar primeiro, dança. Eu quase dancei com meu "Anjo Mecânico". Quando o comprei veio a 5a edição, não-brilhosa. Só faltei morrer. Fiz um estardalhaço na internet, incomodei pessoas, passei horas esbravejando mas, enfim, consegui fazer uma boa troca. Agora tenho todos meus livros de "As Peças Infernais" brilhantes. Mas ainda não posso me dar ao luxo de morrer feliz. Meu "Cidade das Cinzas" é o único livro bastardo no meio dos brilhosos mas já consegui resolver isso. Só falta oficializar. E, claro, tem "Cidade do Fogo Celestial" que ainda não lançou. E os próximos livros das próximas séries. Prevejo que vou adquirir TOC por causa dessas benditas capas. 
A editora Galera Record se pronunciou sobre o assunto aqui
É bom avisar para os que, como eu, gostam dessas frescurinhas. 

Não acho que tenha conseguido passar todos os sentimentos apropriados sobre "As Peças Infernais" mas, oh, já a favoritei para a vida! Me apeguei tanto a esses livros que tive que esperar os sentimentos ficarem coerentes para poder escrever sem tantos caps lock. Não entrei em detalhes de nenhum personagem senão o post ficaria gigante (e eu não conseguiria me segurar com os supracitados caps locks).
QUERO TANTO QUE TODOS LEIAM ESSES LIVROS! Esta trilogia é verdadeiramente incrível em todos os aspectos e espero que vocês tenham a oportunidade de constatar isso pessoalmente.
Quem já leu e entende meus sentimentos, vem me abraçar. Quem não leu, corre! E depois vem me abraçar. 
Aviso desde já que depois do epílogo de "Princesa Mecânica" a DPL é braba! Sério. 

Peguei as fanarts no tumblr de Cassandra Clare. Tem várias informações e imagens sobre suas séries no link. Por nada.